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Foto do escritorJosiane Tibursky

Maio acabou, mas o desafio do estigma menstrual ainda não


estigma menstrual
Foto de furkanfdemir no Pexels

Maio, o mês da visibilidade menstrual termina hoje, mas, infelizmente, estamos longe de estar em uma posição confortável. Quero compartilhar com vocês algumas informações recentes que podem nos auxiliar a entender mais sobre como estamos em relação à esses temas:


Dra. Lara Owen, autora do livro Seu Sangue é Ouro, vem desde os anos 1990 estudando sobre a menstruação e terminou seu doutorado nesse tema em 2020, sendo reconhecida internacionalmente por seu trabalho pioneiro e contínuo sobre menstruação.


Em dois dos seus artigos mais recentes, a Dra. Lara¹ aborda o impacto do estigma menstrual nas pesquisas acadêmicas sobre a menstruação e o uso do coletor menstrual por uma coorte de alunas da graduação em Melbourne, Austrália.


No artigo PESQUISANDO OS PESQUISADORES: O IMPACTO DO ESTIGMA MENSTRUAL NO ESTUDO DA MENSTRUAÇÃO², fica evidente que até quem está buscando elucidar o tema menstrual sofre com o tabu em torno do tema:


"...os pesquisadores menstruais ainda experienciam desafios que consideram ser relacionados ao estigma para a publicação de pesquisas sobre a menstruação, para a obtenção de cargos baseados em sua especialização e para captação de financiamento de longo prazo e em grande escala".

Ao mesmo tempo, parece que estamos vendo iniciativas, aos poucos, ajudarem na sensibilização em relação à menstruação. Em ESTIGMA, SUSTENTABILIDADE E CAPITAIS: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O COLETOR MENSTRUAL, Dra. Lara afirma:


"A sustentabilidade como um valor fundamental foi colocado em primeiro lugar no desejo das participantes em usar o coletor, e a maioria o achou mais conveniente do que outros métodos. Esses fatores contribuíram para o aumento do capital cultural em torno da menstruação, a ponto de o coletor e seu uso serem descritos como “legais” (a palavra em inglês usada foi cool).
Esse novo status facilitou a articulação da experiência menstrual com parceiros, pares e familiares, rendendo às usuárias maior ingerência e sensação de comunidade acerca de uma experiência que normativamente vem sendo construída como solitária e silenciada. O uso do coletor desvinculou as usuárias da economia de mercado dos produtos menstruais descartáveis, e, portanto, em certo nível, da sua narrativa estigmatizante e violência simbólica".

Atualmente, a Dra. Lara Owen está oferecendo um curso online de um ano de duração, intitulado Contemporary Menstrual Studies (Estudos Menstruais Contemporâneos), que fornece a fundação interdisciplinar para estudos e práticas avançadas sobre o tema. Você consegue saber mais sobre o curso neste link.


Essa é apenas uma das muitas iniciativas pelo mundo pelo fim do estigma menstrual. Mas é claro que ainda seguimos com muito o que fazer! Por isso, gostaria de encerrar com um texto incluído na Mandala Lunar de 2022, no dia da Visibilidade Menstrual, 28 de maio, e reforçar o convite: como podemos contribuir para essa nova realidade que tanto precisamos?


"Menstruar é natural e saudável. Como seria viver em uma sociedade sem tabus ou sentimentos negativos relacionados à menstruação, em que nosso sangue não fosse motivo de constrangimentos e todas as pessoas que menstruam tivessem acesso aos produtos menstruais necessários? Como podemos contribuir para que isso se torne uma realidade?"

Seguimos juntas!

 

¹ Dra. Lara Owen trabalhou para instituições globais, universidades e terceiro setor como consultora e pesquisadora sobre menstruação, menopausa e bem-estar e direitos das mulheres de forma mais ampla. Ela estudou, ensinou e pesquisou no Reino Unido, EUA e Austrália, e atualmente está envolvida em dois projetos de pesquisa interdisciplinar sobre legislação e políticas menstruais na Universidade de St Andrews e na Western Sydney University.


² Owen, L., (2022) “Researching the Researchers: The Impact of Menstrual Stigma

on the Study of Menstruation”, Open Library of Humanities 8(1). doi: https://doi.org/10.16995/olh.6338

 

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