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Especial TPM: não mate a mensageira


mulher com espelho na tpm


A TPM me impediu de enganar a mim mesma.” Essa frase é do livro Seu Sangue é Ouro, da Dra. Lara Owen, mas poderia ter sido escrita por muitas de nós que decidimos acompanhar e observar atentamente o nosso ciclo menstrual.


A fase pré-menstrual costuma ser a mais temida do ciclo menstrual e hormonal feminino e, junto com a ovulação, divide a responsabilidade pela decisão de tantas mulheres bloquearem a livre expressão de seus hormônios naturais.


Quando não entendemos bem a função das coisas, olhamos para elas com um olhar ingênuo

de gosto/não gosto, me beneficia/me atrapalha e, como não conseguimos ver para além dos

(possíveis) incômodos, tratamos de achar um jeito de suprimi-los por completo.


Nem nos damos conta que isso se torna um jeito de olhar a vida. E assim vamos tentando

desesperadamente ficar só com o que é confortável, doce, suave... e vamos tendendo a uma

superficialidade, a uma preguiça de nos debruçarmos sobre o que é mais complexo, que

requer que se olhe com mais tempo, com mais profundidade... (e essa pressa é praticamente a ordem do dia :-/).


Sim, é mais fácil engolir um comprimido qualquer para fazer uma dor passar e há momentos pontuais em que precisamos mesmo de um analgésico, mas o custo de fazer isso vez após vez é que podemos nos anestesiar um pouco a cada dia — e o pior, sem nem perceber.


Mas o que exatamente acontece durante a TPM?


E se olhássemos esse fenômeno a partir desta pergunta:


Passemos da maneira usual de olhar para esses sintomas para, em vez de vê-los como algo desagradável, que deve ser mudado, encará-los como algo potencialmente útil. O que poderia ser útil em ser hostil? Em se deixar levar pelas emoções? Em chorar, gritar e esbravejar? — Dra. Lara Owen, Seu Sangue é Ouro, p. 92)

Sabemos que a cultura em que vivemos exige que cortemos pedaços de nós mesmos para caber em determinados lugares. Pensando nos impedimentos estereotipados que se impõem, os que mais rapidamente nos vêm à mente é o fato de que, assim como ao homem é negado chorar, à mulher é negado sentir raiva e desejar.


Não poder expressar o que se quer provavelmente vai levar à raiva. E como fechar essa conta se não nos é permitido sentí-la? Em algum momento, ela será direcionada para algum lugar — às vezes de maneiras catastróficas. É mais ou menos isso que vemos acontecendo no que convencionamos chamar de TPM.


Como podemos fazer para não deixar que as coisas cheguem nesse ponto? Bem, aí é que

entra a importância da auto-observação, com a consequente elaboração e o encaminhamento

do que foi percebido. Com certeza dá mais trabalho do que tomar uma pílula qualquer e se

anestesiar de alguma forma, mas os ganhos são muitos, e duradouros!



Como lidar melhor com a TPM?


A primeira coisa, então, é buscar dar um passo atrás e tentar não ser simplesmente reativa com o que atravessa você nesse período, para então poder perceber que incômodo é esse que surge dentro de você — que situações que a incomodam? Você começa a implicar com algo ou alguém? Vá tentando mapear o terreno, ver por trás das aparências, descolando-se da história que você conta para si mesma a partir da situação, para assim ganhar um conhecimento mais profundo de si.


A partir dessas observações (é bom que sejam anotadas), você vai poder ter mais clareza do que está acontecendo e poder refletir sobre suas questões. E é muito aconselhável também levar suas observações e reflexões para a terapia, para poder elaborar o que surgiu e inclusive deixar vir à superfície o que ainda não está claro para então se reposicionar diante do que está lhe incomodando.


Nesse contexto de TPM, falamos bastante da raiva e das explosões de emoções, mas muitas

vezes, essa raiva é dirigida a si mesma. Pode ser que a raiva autodirigida evite conflitos nas relações, mas surge o risco de se desenvolver uma série de doenças físicas e mentais, como depressão, pressão alta e câncer, para citar algumas.


E aí entra, novamente, a importância da auto-observação para ter clareza do que está acontecendo e poder encontrar meios de processar, elaborar e se posicionar diante do que está incomodando para buscar alternativas para mudar a situação.


Então, voltando à pergunta, o que poderia ser útil em ser hostil, em se deixar levar pelas emoções, em chorar, gritar e esbravejar?


É meu desejo genuíno que cada uma de nós possa encontrar suas próprias respostas. E se quiser, compartilhe seus aprendizados aqui nos comentários!


Seguimos juntas!

 

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